20.12.08

o costa e silva se elevava, como sempre. lá de cima, eu via a minha cidade-namorada. prédios redondos, quadrados. até o copan. que parece a calçada de copacabana. mas muito meu. prédios invisíveis, antenas coloridas. um mar de almas passantes, vagueantes. e eu lá. soberana. a pessoa mais importante do meumundo.
a cidade não tinha cheiro de mar, num era linda de-estrêlas. era dum cinza agoniante. c i n z a . e lindo. a poeira que flutua no ar, densa. só de existir aqui, eu sou feliz.

me apaixonei. de novo.

5.12.08

hiato.

(quando fez-se dia, o sol de lado deitava as sombras. o azul do céu me desafiava. vem brincar comigo, dizia. corriam indiferentes, lá fora, os paulistas. eu fumava, longa e pausadamente.
com uma camisa branca e fina, desfingia a minha nudez. caiam, pesados, os cachos por entre o lenço de sêda. toda a sensualidade borrada dos olhos pintados ontem, as olheiras a ornar os olhos. por entre os dedos, a alça da xícara, fumegando notas prêtas, e bergamota. no ar, as notas negras do piano, que toca sem nunca um fim, essa noite.)