20.2.09

[eu não moro mais em mim.]

eu chego a tempo de ver o navio sumir no horizonte. chego no instante em que cai a cortina vermelha, os aplausos irrompendo. ainda que eu nem vá, eu posso ver a porta fechando, as pessoas cansadas, o relógio.
eu chego a tempo, no minuto exato, de saber que sempre estive atrasada. te ligo pra dizer que eu não fui ontem, e que eu nem iria mesmo.
quebro o tempo, enquanto ele me engole.
a reboque, espero cansada a próxima vanguarda.
o suspiro não é o suficiente, seco o suor gelado que me empapa o corpo, corro mais meio metro, para trás.

[está quase na hora de perder o último trem.]

3 comentários:

Madalena disse...

E o parceiro de viagens, que entra primeiro no trem pra guardar seu lugar, vai apenas com a vontade de te ter ao lado...

Minha imaginação - minha conclusão de injustiça!

Gabriel disse...

e parece que é sempre uma disputa: contra o tempo, contra o cansaço, contra a solidão.

que chegue o tempo em que a corrida seja a sensação de liberdade, e não o pulo pela sobrevivência...

beijo!

Fernanda disse...

as vezes não sei se a gente mata o tempo ou é ele que nos mata...
adorei deeemais deemais o blog^^