17.12.09

me olhei no espelho a cara muito limpa. 'muito limpa' era tudo que eu tinha a pensar da minha cara. nenhuma maquiagem, o óculos esquecido em algum lugar e nenhum grande mistério. 'nenhum grande mistério?' eu me perguntei enquanto olhava praquele branco fingido da parede. 'é, nenhum grande mistério, eu diria que nem mesmo um pequeno'. uma certa angústia, daquelas mais genuínas, de filme em branco-e-preto, quando logo na primeira cena a mocinha olha pro céu, tempestuoso. talvez ela saiba o que está acontecendo ali, mas você não. e então, e como se eu fosse espectadora de mim mesma, e minha forma de me olhar era aquele mistério, aquele mistério crucial, de quem não sabe, , e eu não sabia, e ainda não sei.
de um jeito que magoa muita gente, é esse gosto, café-com-cigarro, até aquele infeliz pigarro da madrugada que me aguça mais, talvez seja o melhor sabor, aquele que eu espero depois de cada prato, porque - já disseram - parece que vale a pena comer só para saber que há um cigarro, depois.
no outro espelho, eu tinha qualquer coisa de mistério, e não é algo que me encante que haja tantos espelhos em todos os lugares, a todo o tempo. sei que não é isso que interfere tanto, mas sua própria imagem costuma cegar seus olhos para o resto do mundo, mesmo que se precisa torturar alguns psicanalistas a fim de provar sua tese.
enquanto fumo um cigarro, esperando, olho praquele espelho encantador, atrás de uma prateleira de bebida, e penso que take genial. alguém sóbrio que se vê através da bebida: e então são 10h da manhã e tudo que eu mais desejo, genuinamente, é uma densa dose de whisky e mais um trago daquela solidão esmagadora.
penso se vale a pena escrever, ando com as palavras muito ruins. desisto, demais. mas, no fim das contas, eu não posso parecer tão vulnerável, e penso em rodar um filme.