30.1.11

Não que alguém tenha perguntado, mas eu vou responder mesmo assim.

Eu queria ter mais tempo, porque ócio é bom e me faz melhor. Eu queria ter mais tempo pra fazer arte.
Eu sou ansiosa quando não sou zen. Eu sinto aflição quando não sinto amor. E eu amo todo mundo porque sim.
Eu estou de 15 anos, depois do Borges. Me apaixonei, e estou encantada pelo mundo como se tivesse beijado pela primeira vez. É que nem quando eu me apaixonei pelo Cortázar.
Quando eu uso a desculpa de estar bêbada, eu estou sóbria.
Eu queria que as pessoas me admirassem - não todas, só as magiquinhas.
Eu só me sinto querida quando estou só.




18.1.11

Por mais que o eleitorado negue, por mais que as pessoas errem. Por mais que eu quase desista, por mais que isso quebre asas, rache copos, sangre ossos. Por mais que o caminho seja árduo, penoso e lento. Eu não espero que seja fácil, eu não acho que será simples. Às vezes eu quase esqueço. Às vezes eu quase desisto.

Eu me sinto como num lugar errado, num tempo errado. Num tempo veloz, em que é melhor ter muito, muito rápido, que criar raízes lentas, cultivar aos poucos e manter por anos a água, o sol. Feito uma árvore. Que precisa estar firme, e pode estar só. Não somos mais firmes. Nunca estamos sós. As pessoas vão esquecendo que só existe EU porque existe TODO. A extrema necessidade de constante companhia cria uma profunda solidão, crônicaguda. E eu sou lenta, sou antiga. Eu quero o cuidado, a morosidade, o i-n-s-p-i-r-a-r-e-x-p-i-r-a-r. Quero ter calma para chorar, quero sofrer tudo. Quero ter tempo de o sangue coagular e a pele nascer. Sem pontos. Sem artifícios.
Não somos apáticos: tem muito tesão, tem muita paixão. E de que vale impulso se não tem porquê? Paixão é desculpa do medo, tesão é desculpa da pressa. Falta tempo para o Amor. Falta respeito ao Amor. Falta Amor. E demorou um tempo pra eu entender que é preciso definir. Porque tudo tem peso, tudo tem nome. Porque não se fazer entender é criar mentiras sobre si.
Que seja feito, que seja livre, que seja romântico. Que seja eterno, platônico, carnal. Que seja Uno, que seja Pluro. Mas que seja sempre. Que seja o mote, o motivo, que dê c-o-e-s-ã-o à existência.

Amor [s.m.] comunhão íntima, coesão com o universo (com ou sem conotação religiosa).


Obrigada por me lembrar que é disso que somos feitos, dessa matéria mole, dessa matéria concisa, precisa, preciosa. Obrigada por me lembrar que existimos por isso, e que é a coesão-de-nós que pulsapulsapulsa - e pulsa invariavelmente na mesma frequência. Quando eu digo e quando eu esqueço. Eu te amo.



para o Ettore. sempre para ele.

11.1.11

Água-e-sal.

A lingua no mamilo.
A onda nas pernas.
O biscoito.
O barco que tem letra-e-bosque.
A memória.


E como é que você é doce?