26.1.12

histórias memoráveis de uma vida cretina.

dois irmãos. encantadores, e tão diferentes. dois lados da melhor moeda da minha vida. como eu poderia imaginar que um filme, num colchão na sala seria tão incrivelmente eterno?
dois homens, meu melhor amante, meu melhor amigo. as melhores histórias que três pessoas podem viver, entre bares, cinemas e camas. as histórias que fizeram uma vida valer a pena.
tão longe da frança, tão londe de 68 e ainda a vida pulsava, como um filme do bertolucci. o jeito ser incrivelmente nossos, isolados, alheios ao mundo por uma vida inteira, que durou pouco, como uma película mesmo pode durar. a trilha sonora é de vocês, os sonhos são todos meus.
eu nunca vou esquecer a noite em que batemos o recorde de band à part, o recorde dos três sonhadores. que corremos duas quadras, na avenida mais bonita do mundo, juntos, e tudo era lindo. corremos rindo para um cinema que nos deixaria desolados, fumando cigarros sentados na calçada.
aquela noite fez muito valer a pena, ainda vale. não me esqueço dos colos, e dos beijos, não me esqueço dos jantares nem dos planos, mas dessa cena me lembro mais.

e não posso evitar, que ao final, eu saia sozinha, no meio da tormenta, enquanto vocês vivem suas vidas.
amo vocês. ainda.

de imemoriáveis tempos, 2010.

24.1.12

ir.

a sensação do vazio paulista só me faz querer alçar voo, cada vez mais rápido. pra mais e mais e mais longe.
porque meu coração vagabundo não quer mais esse sangrar sem razão. porque eu quero ser feliz na cidade namorada.

falta pouco.
falta tanto.

8.1.12

Chegada.

Nem nos dias de conversas mais acirradas eu sonhei isso: você, na minha cidade, enfiado na confusão da minha vida. Imerso. Vivendo minha vida caótica. Nunca esperei te levar para caminhos cotidianos, antes mesmo de você saber deles.
A vida continua a me surpreender. A colocar os mais lindos destinos, quando eu nem sonho com eles. E que assim seja, até o apagar da velha chama.

Que nem quando tínhamos 16, te amo.

4.1.12

Despedida do avesso do avesso do avesso do avesso.


Os poetas, as meninas, as cores-sons, o mundo todo misturado pelas ruas. Foi uma vida inteira, e nem é exagero. Agora eu não preciso mais mentir, eu amo Sampa sim. Mas não amo de amor escolhido, ganhado, não. Amo de amor acostumado, de amor cotidiano, de pratododia.
Mas muita fumaça escondeu as estrelas, e eu preciso vê-las. É preciso brilhar com elas. Preciso sentir o cheiro de Porto Alegre todas as manhãs, e chorar as amarguras da alma numa esquina qualquer. E amar as árvores floridas, andar olhando pra cima e me perder. Eu preciso saber se vai chover, só de olhar pro céu azul, mas sentir o vento úmido. Preciso saber das ruas perigosas, pra andar por elas sem bolsa, sem carteira e sem óculos, só para sentir isso, de andar numa rua perigosa. Eu quero mais que tudo ser chamada de guria por estranhos, e tomar chimarrão sem ninguém me olhar esquisito. O amor precisa se espalhar, do tamanho de um Guaíba inteiro.
Eu quero me jogar no abismo. Eu quero padecer de amor.

E, ainda assim, me rasga o peito saber que não vou encontrar os amigos pra descer a Augusta. Que não vamos nos consolar numa esquina da Consolação, quando tudo se partir entre nós. Vai doer a saudade do amor nas gramas da USP, vai ecoar o vazio de meninas e meninos tão cheios de açúcar nos meus sábados.
É de lágrima, mas eu sei que devo andar, pro meu coração ser mais feliz. Ir deixando a pele em cada palco, e não olhar pra trás.

E que saiba que eu vou, porque tenho asas. Mas não por falta de amor, porque amo cada um dos meus.