21.4.12

Luiza passou de "BFF" para "não mencionada"

EU ME MUDEI PRA TUA CIDADE, BITCH!




(em off: o melhor da amizade de anos não são as fotos ridículas ou as memórias que só uma das duas tem. e definitivamente não são nossos dotes musicais. é poder fazer uma declaração de amor plagiando o facebookson, em caixa alta e chamando de porco egoísta. E SABENDO QUE VAI ARRASAR)

18.4.12

Quando o tempo for propício.


A fuga do espaço não alterou minha percepção do Tempo e na terra prometida, os dias se passam um após o outro sem me causar grandes mudanças. Depois de três meses, só agora sinto desmanchar a modorra de medo, deslumbramento, abandono, adultez. 
Aos poucos, Amora Nanquim me faz brotar raízes, as plantinhas na janela me cedem as folhas tão maciamente verdes e os pedais e rodas fazem circular as ideias mais brilhantes. Com um pé atrás do outro, dou passos tímidos em direção ao resto de toda a minha vida. Sem mãe pra amparar as quedas, sem avós para me lembrar quem sou, sem primos para aflorarem o melhor de mim. Sem as minhas mulheres autorizando toda e cada insanidade, sem minhas iguais de mãos dadas puxando esse fardo tão violentamente doce que é mudar o mundo, sem meus amores tortos das tardes ensolaradas e das noites obscuras.
Sou eu mulher, eu passarinha de asas ainda encharcadas, eu sonhadora inveterada por minha própria conta. O medo de me dar ao mundo é saber da exposição de meus erros. Do meu próprio julgamento. Das minhas chances de erro. 

Como que por encanto, o Cosmos se ilumina das cores do arco-íris para o meu Amor. As horas se encaminham suaves, e me convidam para o ar de fora. Cada dia um tanto mais, respiro receosa o cheiro da liberdade. Assumo as possibilidades, ouço os grilos da noite e o galo da manhã. Agradeço aos caminhos o sol da manhã invadindo minha janela, a luz da lua brilhando sobre tudo quanto possuo.
De olhos fechados, sinto os sumos todos me enchendo a língua, escorrendo pelos braços, domando as fúrias e os medos mais fundos. Como se fosse a vida inteira um caminho uno para ter os pés aqui, espero as frutos doces que me trarão maio. 

10.4.12

Em exposição.


Arrumando o quarto, não tinha onde guardar minhas malas da mudança. E eu percebi que não tenho nada no quarto que se feche. Sem portas, sem gavetas, sem armários. Tenho pregos, prateleiras, arara, cabides, caixas transparentes. Achei engraçado meu quarto, assim, sem mistérios. Muito honesto, dizendo pra quem olhar: as roupas são poucas, são essas, são coloridas. Os sapatos de salto ao lado dos tênis tão velhos e encardidos. Um punhado de bolsas e sacolas (a maioria afanadas da mãe). Caleidoscópio, massinha, cadernos, lápis de cor, canetinha, aquarelas, câmeras antigas, um postal francês, bolhas de sabão. Minhas sadanas. Uma caixa de postais juntados em mais de 10 anos. Um pedido de casamento, o John Lenin, a gambiarra pra apagar a luz sem levantar da cama (e que me lembra tanto o Michel). Mil canecas, em todos os cantos. Um cofre assaltado. Um tanto de edredom e cobertor empilhado, já antevendo o frio paulista que eu vou sentir. Brincos numa lata, bottons em outra, os coisos de cabelo sempre fora de lugar. Brinquedo de gato. Um saco com cartas que ainda me fazem chorar, ao lado das cartas por mandar. Tudo muito bem junto, tudo tomando seu lugar num todo muito coeso e sem sentido.
Esse quarto tem 23 anos de história, ao mesmo tempo que é uma história ainda fresca, engatinhando.

(daí eu percebi como o quarto todo era uma metáfora pra EU, mas não preciso ser tão óbvia, previsível e chatinha assim.)

9.4.12

Descaminhos.

E antes de olhar meus pés sujos ou seus cabelos grudados de suor, eu quis estreitar seus cheiros todos num abraço, sentir teus braços. Como se o tempo tivesse feito uma ponte no passado, todos meus desejos se juntaram, os medos se fizeram chuva. Molharam, se fundiram, desviraram medos, e deram espaço pra um amor muito solar.
O caminho foi longo, lento. Sei de todos os dias de saudade. Sei da gasolina. Sei dos sorvetes na lanchonete. E, ainda assim, me derramo de amor, em cada um dos minutos. Eu penso meus sentires como uma flor muito persistente, furando asfaltos, concretos. Brilhando muito senvergonhamente na cidade mais linda, pro meu amor mais lindo.
Meu velho amor novo. Meu amigo tatuado. Meu corazón.