12.7.13

solidão.1

De tanta amargura o olho vira sal. O coração se comprimindo numa caixinha do tamanho do nada, deixa só um soluço quebrado na garganta.
Incômoda. Inapropriada. Indesejada. Descartável. Os sentimentos são antigos e se sobrepõem, comprimindo mais, soterrando meus sentires suaves, as doçuras. Amalgamando a desesperança. A certeza de ser só um erro, um desvio, uma pedra no caminho. Nociva, cruel e exasperante, num mundo de água eu sou toda óleo. 
Do amor, só sobrou o medo, o desengano, a fratura frágil e exposta, latente, sangrenta. Não tenho minha personalidade, meus climas, meus tempos. Espero uma onda ou a morte, o que me arrastar primeiro.